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Mostrando postagens de setembro, 2011

Fuga

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       Você correu com toda a velocidade que a adrenalina te permitiu. Varreu a terra debaixo dos céus azuis, cinzas e negros, com os pés descalços sobre  o chão de terra e brasas, tentando fugir das mãos que te seguiam, que te forçavam para baixo, que tentavam te apunhalar até os ossos com a frieza de um vento gélido. Você correu, fugiu, por tanto tempo se escondeu. E não percebeu que todas aquelas mãos, todos aqueles golpes, toda aquela dor, era só uma extensão do que estava nas suas mãos. Na verdade, era você quem carregava a arma fatal. E estava prestes a puxar o gatilho.

Rendição

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     Eu me rendo. Assim, de repente e simplesmente, me rendo. Mas não é só mais uma rendição. Não é só mais uma expressão desprovida de qualquer sinceridade. É a mais nova e tão veemente honesta redenção. Grave bem as minhas palavras, porque elas só sairão uma vez e depois correram o mundo, conservando toda força disponível para quebrar tanta discórdia infundada.     Afinal, quem foi que me disse que, ao chegar aqui, tudo já estaria providenciado para minha felicidade? Quem me prometeu que não haveria dor? Que não haveria mentira? Que não haveria abuso? Que não haveria horror? Os sonhos que sonho são apenas isso: sonhos, um habitat imortal, um habitat irreal. A realidade que entorno, essa sim, é meu habitat mortal, meu habitat real. E há realidades tão mais penosas que essa pobre que me acompanha.     Então, batendo os olhos na escuridão que se alastra pelo mundo, eu digo: eu me rendo. Mas não é à escuridão que me rendo: é à verdade. E que verdade maior há que amor? Que a compaixão?